Sim, eu tenho o que contar sobre você.
Posso contar das estrelas que você me ensinou a ver. Estrelas das quais nunca vi no céu.
Quando seu peito aquecia o meu, por pouco tempo, e minhas noites se tornavam bem dormidas.
Posso contar das coisas mais impensáveis que fiz ao seu lado para, logo depois, rir.
E você, lançava aquele olhar, com mordidinhas no lábio.
Mas eu não sabia que me apaixonaria por seus gestos, seu sorriso, e suas atitudes.
É bom ter as memórias. É como se a gente vivesse um pouquinho novamente.
Lembro da primeira vez... água pra matar a minha sede... E, dos seus olhos quando se encontraram aos meus, e, de repente, tudo aconteceu. Foram dias paralelos.
Acontece que eu acabei acostumando, falha minha.
Estava fora de cogitação, mas me acostumei com sua maneira de sorrir sobre as coisas.
Acordei e dormi com seu sorriso em minha mente e coração, durante dias.
Você se despedia cada dia como se fosse o ultimo. E a cada dia, realmente, era o ultimo. Até que aconteceu de seu sorriso entre todas as lágrimas me deixarem.
Por um breve período fez parte da minha vida.
Pertencemos a universos bem distintos, e eu sabia disso. Você e sua vida, do outro lado da cidade, e eu, com a minha; meus dias, meus anseios, minhas viagens, meus botões.
Nós dois tivemos a feliz coincidência de encontrar com o acaso, distraído, na mesma esquina.
Depois, o que aconteceu é que cada um se devolveu ao seu mundo, como haveria de ser, como já era o esperado.
Acabamos criando um contrato inconsciente que delimitava até onde era seguro ir. E ficamos com o lado bom da história: tivemos as núpcias, as delícias, a despreocupação de uma vida inteira pouco tempo.
Mas todo esse encanto que aflora dos meus olhos feito água bruta em foz quando eu escuto o seu nome, o som da sua voz, todo esse encanto só é preservado por um só motivo.
Ainda seremos amigos.
E provavelmente, nunca esqueceremos um ao outro.
Ainda bem.